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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

Estamos iniciando os preparativos para o início de um novo letivo. Novo, na verdade é apenas o ano, pois as tarefas com as quais nos deparamos são sempre as mesmas. O que não significa que não as executemos com o melhor empenho possível.
A moda agora , em Educação, é falar em HABILIDADES E COMPETÊNCIAS . Muita explicação, muita leitura a respeito, muito dinheiro público gasto com material enviado aos professores...mas novidade.... nenhuma. Após muita leitura, muita discussão e horas de reunião, chegamos mais uma vez ao mesmo ponto de partida, igual ao de décadas atrás: mudam-se as embalagens e o conteúdo continua e continuará sempre o mesmo.
Mas o que está me intrigando é a seguinte interrogação: será que os governantes pensam que estão realmente inovando? Será que estão apostando que os professores não vão se dar conta de que o que está sendo proposto é o que já se sabe há décadas?
E mais ...há décadas nos preocupamos em desenvolver competências, apenas utilizávamos outros termos para definir esta prática pedagógica.
Por falar em prática pedagógica, hoje me dei conta de que reproduzo uma prática pedagógica de uma querida professora de Português que me ajudou a engatinhar no mundo das letras. É a professora Carmem Bonamigo. Ao pensar em preparar atividades em que os alunos possam apresentar ,com COMPETÊNCIA, sua HABILIDADE de expressão oral e corporal através da poesia, me ocorreu a lembrança da poesia Trem de Ferro (de Manuel Bandeira), a qual sempre que proponho para meus alunos, faço a motivação da maneira que aprendi de minha querida professora , há 37 anos . Por que repito até hoje ? Por que não inovo? Simplesmente porque amei a competência com que me foi apresentada. E porque percebo que a cada nova releitura, eu e meus alunos desfrutamos de um momento literário prazerozo.
Outra lembrança que tenho de minha querida professora é a de que ela, em uma certa tarde de chuva , aproveitou a atmosfera sombria e transformou com muita propriedade a realidade para que desenvolvêssemos a habilidade de escrever e ao mesmo tempo nossa habilidade artística, construindo um barquinho de papel. Ao final de nossas construções, ela nos pediu alguns para ela levar para seu filhinho de um aninho.
Por que esta aula tão simples ficou na memória. Certamente porque saímos do convencional ensino da regras ortográficas e estabelecemos um vínculo de afetividade e leveza. Quando a professora quis levar para seu filhinho uma amostra do que seus alunos eram capazes de fazer...isto foi o máximo da valorização do aluno. Se os barcos iriam flutuar, ou se iriam afundar na primeira poça d'água, não importava. Não era o objetivo maior. O entrelaçamento nas relações, a aproximação , a interação, o prazer de fazer, a proximidade professor-aluno, era o mais importante.
Mas devo fazer uma ressalva. Naquele tempo nossos professores eram nossos mestres, nossa referência. Víamos no professor um exemplo a seguir, e não ousávamos desrespeitá-los. Bons tempos em que esta profissão era respeitada.
A isto chamo competência.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

FIM DO DESCANSO


Dizem os pessimistas, que tudo que é bom dura pouco.Só pra contrariar, quero dizer que tudo que é bom pode ser cultivado e eternizado, basta querer. Nosso descanso foi muuuito bom, mas está terminando, o que não significa que o que nos espera não seja tão prazeroso quanto. Estaremos iniciando mais uma etapa de trabalho, com novidades, espero, e com desafios. Oxalá neste ano eleitoral lembrem-se dos professores os políticos. Nem que seja para nos ofertar migalhas, pois nem estas têm nos chegado há anos.Eu, particularmente, espero que ao menos acenem com possibilidades de valorização de nossa categoria e que pensem seriamente em legislar a favor do professor. Penso que ao menos este discernimento os políticos gaúchos tem, o de que o magistério pode eleger ou impedir uma gestão. Somos grandes, somos fortes, temos o poder, basta que estejamos dispostos a exercê-lo. E seria muito bom se começássemos a exercê-lo a nosso favor. A propósito,você conhece outra categoria de trabalhador que tenha que dar tanta satisfação de seu trabalho? Você já viu pedreiro, encanador, engenheiro, empacotador, vendedor, dando explicações de suas ações à comunidade? Você vê, com frequência algum professor sendo elogiado publicamente ou algum pai chegando à escola especialmente para elogiar o trabalho de um professor?
E você, certamente, acha normal esta situação, não é mesmo? Sabe por quê? Porque nos ensinaram que devemos nos adaptar às situações. E assim fazemos. Ocorre que se adaptar não é sinônimo de aceitar desrespeito ou desconforto ou impunidade. Está na hora certa de começarmos a nos dar o valor que realmente merecemos. Engraçado, fiquei observando nestas férias, o comportamento das pessoas, coisa que me fascina. Cheguei a uma conclusão bem interessante: as pessoas mais comunicativas, educadas, solidárias e interessantes que havia em cada lugar por onde circulei eram professores. Isto me deixou feliz, pois é um indicador de que nos destacamos positivamente do todo. E infelizmente constatei que nosso bom exemplo não parece ser absorvido pelos jovens em geral. Não sei por que, mas parece que jovem se sente desconfortável em ser educado, não beber, não perturbar o silêncio do vizinho, não ser vulgar em suas atitudes. Por que pais educam e grupo social deseduca? Por que professor ensina e aluno não aprende? Por que a escola procura educar e os pais se não aceitam os limites impostos? Por que aluno vai à escola mas não aprende a gostar de aprender? Talvez estas reflexões possam ser o ponto de partida para mais um ano letivo que se aproxima. Terminou o descanso, mas permanecem boas amizades conquistadas. Quero cultivá-las como cultivo meu lar. Ambos indispensáveis em nossa vida.