Até poucos anos atrás era motivo de orgulho dizer-se que era Professor. De repente alguns movimentos começaram a tomar lugar e aos poucos se disseminaram de tal forma que parece que ser professor é qualquer coisa de insignificante. Que devemos nos autodeclarar educadores ou melhor ainda, trabalhadores em Educação.
Por que será que esta mudança de nomenclaturas foi sendo proposta a nós professores com tanta veemência? E como será que tão ingenuamente nos deixamos levar por esta linha de pensamento e fomos parar onde estamos?
Por que trabalhadores em Educação e, não Professor? Será que todo trabalhador em educação tem a mesma responsabilidade social e a mesma necessária capacitação e habilitação que é exigida de um professor? Serão os objetivos e funções desempenhadas equivalentes ou equiparáveis?
E por que dizer que somos todos educadores? Como seria maravilhoso trabalhar com a Educação, se todos fossem educadores, quando, na verdade, há neste mundo, muito mais deseducadores do que o contrário.
Educador é todo aquele que, voluntária, ou involuntariamente , transmite bons exemplos a outro. Não há para tanto, a menor necessidade de um preparo especial, de dedicação aos estudos em função do exercício de tal ato. Podemos nos educar até mesmo observando o comportamento dos seres da natureza, que não são humanos, mas nos dão maravilhosas lições de vida.
Muito distante, porém, desta espontaneidade de ações, está o cargo de Professor.
Para ser Professor, precisamos nos preparar árdua e incessantemente para desempenhar nossa função. Não nos basta intuição e boa vontade. Precisamos de conhecimentos específicos e, de quebra, atualmente, precisamos também, atuar como agentes de saúde, psicólogos, policiais e ainda, conhecer muito bem alguns estatutos, para que não incorramos na "falta gravíssima "de pronunciar algum vocàbulo que possa esbarrar no mal-entendido, que possa sequer dar margem à imaginação de que o professor quis ofender, discriminar ou humilhar. Porque daí, professor, salve-se se puder. Esqueceram que você também tem direitos a serem respeitados e estão a cada segundo querendo lembrá-lo, mais do que o necessário , das suas impossibilidades, das coisas que você (segundo eles) não pode, não deve, não tem o direito de fazer. Enganam-se . Professor é cidadão , e como tal, merece muito mais respeito do que está recebendo.
Acho que está mais do que na hora de hastearmos nossa bandeira e mostrarmos a esta sociedade, pela qual tanto fazemos, que queremos sim ser respeitados e valorizados... como PROFESSORES, isto é, profissionais muito bem qualificados e preparados para o exercício desta mal-remunerada, mas imensamente gratificante profissão.
Veja o que diz Rogério Mendelski em seu artigo no Correio do Povo de 04/05/2008.
Segundo ele, em Cingapura, país de primeiro mundo professor tem 100 horas/ano destinadas ao seu aperfeiçoamento e lá professor não é "trabalhador em educação", como querem aqui.
Quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras a martelar numa rocha talvez 100 vezes, sem que uma única rachadura apareça. Mas na centésima primeira martelada a pedra abre-se em duas e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes.
(Jacob Riis)